domingo, 14 de dezembro de 2014

きれいな魂

Hoje eu resolvi começar a famosa faxina de fim de ano. Na verdade eu não resolvi nada, foi mais um impulso do que qualquer outra coisa... 

Principalmente porque eu voltei mais cedo da casa do meu namorado e estava sem ter o que fazer, me deu vontade de desenhar e pintar, mas cadê minhas aquarelas? Procura daqui, procura dali. Mexe naquela gaveta absolutamente lotada de coisas que você largou lá o ano todo, e fecha a gaveta e a bendita gaveta não fecha. Você muda uma coisinha ou outra de lugar, mas ela não fecha do jeitinho que você gosta. Não aguentei, me deu um "cinco minutos" e comecei a tirar tudo de lá, vendo o que era realmente importante para guardar e o que já tinha perdido a importância faz tempo, mas que continuava lá puramente por preguiça minha. Tirei tudo. E coisa por coisa eu viajei no passado, não só nos últimos 348 (sim, 348, porque ainda faltam 17 dias pro ano acabar) dias do ano, mas de até dois anos antes desse. Somente mexendo no conteúdo de duas gavetas eu revi shows e espetáculos teatrais, revisitei Curitba, revivi meus dias na Irlanda (com direito a cartinha de pessoas queridas), tive uma noção do estrago financeiro que eu fiz comigo mesma esse ano e ainda joguei muita coisa fora. Tipo boletos de mensalidade da faculdade, do cartão de crédito, do outro cartão de crédito, comprovantezinhos de compras, de bater o ponto, de lanchonetes, café, McDonalds, Subway e mais uma porrada de coisa.

Esse foi o dia e o ano que eu finalmente tive coragem de jogar fora meu mapa de Dublin, que eu guardei com carinho assim que cheguei em casa dois anosa atrás, mas guardei os cartões de despedida. E olha, não sei vocês, mas pra mim essas faxinas tem um cunho muito mais emocional e espiritual do que material, e olha que eu tô sempre reclamando que não tem espaço pra isso, nem pra aquilo, que não tenho roupas pra nada e etc. Mas tem alguma coisa nessa faxina, nesse desapego que a gente pratica com pequenas partes de nós que me deixa pensativa, e todo esse pensar muitas vezes me deixava triste ou melancólica, mas hoje ele só me deixou um sorriso bobo no rosto, de lembrar de todas as coisas que eu vivi e ser grata por elas, mas também de aceitar que elas já passaram e é hora de abrir espaço para novas lembranças. Se eu sinto saudade dos lugares em que estive e das pessoas que conheci? Claro, como não? Se eu sinto saudade de reviver tudo isso do mesmo jeitinho que eu vivi da primeira vez? Hm.. Não, obrigada. Mesmo não sendo lá uma pessoa muito religiosa eu acredito que Deus escreve certo por linhas tortas, e que tudo tem uma hora certa pra acontecer. Os rolês e os interesses que ontem me tiravam de casa hoje são mais uma fonte de preguiça e de me afundar no sofá vendo filme. E por mais que a vontade de viajar não passe nunca - êta viciozinho ingrato viu? -, a gente acaba criando consciência de que às vezes é melhor segurar o porto, deixar a casa ajeitada de verdade pra depois sonhar em entrar num avião e ir pra qualquer lugar.

Como sempre, mesmo jogando uma "pá" de coisas fora, acabei mantendo tantas outras, lembranças de momentos, do carinho, da amizade, dos momentos... Afinal só porque o passado é passado não quer dizer que ele deva ser jogado no lixo assim, sem mais nem menos, algumas lembranças são queridas demais pra gente se desfazer delas, as coisas levam tempo, principalmente o desapego. Acho que a chave mesmo é só saber o tempo de abrir espaço pras coisas novas. 2014 ainda tem uns diazinhos agarrado comigo, não sei se vai ser um ano que mereça uma retrospectiva, mas vai merecer respeito pelo amadurecimento que - pelo menos eu - ele proporcionou.

OBS: pra quem se assustou com o título da postagem, é a tradução em japonês para "clean soul", ou alma limpa. Embora eu esteja tentando voltar a estudar esse língua maravilhosa, o título ainda foi fornecido pelo Google Translator (-rs) 

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